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quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

O Cosmorama de Eros

ARARIPE COUTINHO E O COSMORAMA DE EROS J HENRIQUE Amar é ter travesseiro do “amo você”, amar é acordar cedo e fazer a vitamina de banana, amar é esquentar um pé, amar é dividir a conta, amar é pensar no outro sem perceber (e perceber o outro sem pensar). Quando se pensa em amor, a primeira coisa que vem a cabeça são essas formas gratuitas e rotineiras do amar. No entanto, sem amarguras e remorsos, o amor também tem lado B. Está além dos corações achocolatados e das ligações romântico-melosas. E caso alguém ainda não o tenha percebido, talvez o amor tenha alienado. Rompamos! Saiamos do clichê, da mesmice. A pretensão não é só mostrar um amor rosa, vermelho, amarelo, manso. O amor pode ser preto, pode ser cinza, até verde água. Na verdade, o amor pode ser o que quiser; ele é onipresente, onipotente em alguns casos até onisciente. Quase um deus. Ao contrário do costumeiro, a intenção é fugir de toda melancolia, altruísmo gratuito, sorrisos largados e até dos típicos corações avermelhados. Um amor pode também ser nocivo. Pode machucar o outro, pode não ser saudável. O amor também vitimiza e, se bobear, mata. O amor em sua forma multifacetada causa efeito e é difícil limitá-lo a um só posicionamento. O amor adoece, faz ferida, pede tratamento. Amor aliena, perde o foco, prende em grades, faz mal. Em outras palavras, de forma imperativa e objetiva, o amor é uma trindade. O amor pode. O amor está. O amor sabe. O ideal do amor tão caro à literatura, as novelas e ao cinema se desdobra em narrativas onde o tempo dos “amores eternos” predomina. Amar é uma coisa que se aprende através dessas narrativas, é um fato cultural, e testemunhamos, na vida pessoal e na clínica, a força presente nas histórias de amor a configurar a cena dos amantes. Em tempos onde o discurso hegemônico é o da igualdade entre homem e mulher, pode ser complicado pensar o amor para além da duração cronológica. Conceber o amor como uma questão espacial é levar em conta o desejo do homem como diferente do desejo da mulher; cada um ama de um lugar, que é o espaço mesmo da diferença. Do contrário, corre-se o risco de confundir a quantidade dos anos com a qualidade de uma experiência amorosa intensa. A fluidez das relações amorosas na contemporaneidade, tão lamentada, pode ser a conseqüência de uma idealização do amor a buscar uma garantia no “feliz para sempre”; num terreno onde o jogo entre os amantes se dá na reinvenção do amor possível a cada dia, propiciando a entrega necessária a essa incursão no “infinito particular” da diferença de cada um. Aos amantes cabe viver o amor possível no espaço do momento presente. Por isso, ao perceber os impasses da pessoa a amada articulada numa frase “eu sou como um livro que não passa da página dois”, sejamos capazes de amar a diferença, em lugar de recuar por falta de garantia. Única forma de chegar a terceira página e escrever “Amo tanto você que não quero saber do amanhã”... Suportando escutar: “Por que amo tanto você, quero saber tanto do amanhã”. A contemporaneidade marca o fim dos códigos amorosos, o poético entre estes. Porém, mil vezes ressuscitada, a poética araripiana do amor nos apresenta a modernidade, o mundo desencantado que o poeta com fina ironia, traduz magnificamente: “tudo cabia num cheque. Até o amor”. Araripe destitui o Eros racional da sublimidade e o reapresenta nas águas primordiais esmagadoras onde corpos e almas se revelam a soleira da porta: “por esta porta eu cruzei a dor e o abismo”. Trata-se do abismo do plexo dionisíaco poético patético – ditame da vitalidade sobrepondo-se à idealidade- em que são forjadas duas máximas do estado amoroso. Uma: “para sempre”; outra: “nunca mais”. No discurso amoroso, eivado de misoginia patriarcal, Araripe atesta que a razão é feita de paixão: razão estruturante e paixão desestruturante. E, neste território do neutro artesanato da poesia, o amor é a infinita procura de renascimentos e subvertendo a imposição da culturose dando vazão ao Eros sublime da homoeroticidade, anulada pela razão: o espírito absoluto habitante dos reinos supra celestes e supra lunares. Outrossim, segundo a antropóloga Fátima Fontes, felizmente há o paraíso androginado, onde amor é reencontro de metades iguais ou diferentes sexos e, a vivencia que subjaz e subage é a de encontrar a unidade perdida, celebração jubilosa da naticividade da natureza humana. Em PASSARADOR, XV(Obra poética reunida, pag. 164) o Cosmorama de Eros encontra-se magistralmente conceituado. E lembremo-nos enfim: vivemos na atualidade a mais grave das privações humanas a incapacidade de manifestar nosso amor e carinho de modo claro e honesto e sem nenhum receio de ser mal interpretados. É impossível vivermos afastados dos outros; e nossa necessidade de amor perdurará em toda nossa existência. Um só instante de beleza tem a flor do amor. Viva a falocracia. Finalizando o afeto como elemento estruturador das relações interpessoais, seja ela entre pessoas do mesmo sexo ou do sexo oposto, é a idéia que devemos perseguir se quisermos evoluir como seres humanos. Androfilia, urânia, porque em virtude da natureza ser diferente, várias são as formas de os diversos indivíduos obterem prazer. Amor e prazer: a busca por uma erótica unitária. J.Henrique Mestre em Teoria literária (Universidade de Brasilia – UNB –DF) e-mail: paideumajh@gmail.com
A Halle

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